Vestibular, o-bi-cho-de-se-te-ca-be-ças.

Eu não sabia, até meu segundo ano na escola, que eu era feliz. Quando se chega ao terceiro ano, quanta cobrança e pressão que não tem fim. Por parte da escola, por parte da família, por parte de si mesmo de não querer fazer cursinho. Só os fortes mesmo agüentam. Não tem como você não chorar uma vez no seu terceiro ano por causa de vestibular. E o pior de tudo é que se você não fizer medicina ou direito você vai morrer de fome, segundo os especialistas que dão opinião na sua vida. São cursos interessantíssimos, que tem um bom mercado, mas o que adianta ganhar muito e ser infeliz e ser frustrado pelo resto da vida. Ter que acordar todo dia para ir trabalhar onde não é sua praia, porque você queria está em outro ambiente fazendo outras coisas. Cruel para qualquer pessoa isso, dá até depressão!

O vestibular não é um mostro invencível não, dá para levar numa boa, estudar legal, mas o problema é que, na maioria dos casos, algumas coisas interferem nos estudos como: O vicio na internet de pessoas que não querem mesmo nada com a vida, às vezes, uma briga, a pessoa fica tão assim, que não consegue estudar, um pensamento de onde o namorado poderia está naquele momento e muitas outras. Mas sabendo dividir o horário para tudo, tentando ao máximo colocar em dia as matérias, estudar o direcionamento do professor em cada aula. Dá sim para sair, se divertir bastante e também estudar, mas repetindo, TUDO TEM O SEU TEMPO.

Um querido amigo chamado Arthur Arcanjo escreveu um texto super interessante e hiper verdadeiro do preconceito de curso que os alunos sofrem.

"Em um país como o Brasil de dimensões continentais, economia próspera e entre as maiores do mundo, futebol magnífico (pelo menos era), entre outras inúmeras características elogiáveis, eu sou mais um pré-vestibulando. Mais um aluno de ensino médio desejando uma vaga numa Universidade Pública.

Todos os dias, enfrento uma maratona de aulas. Física, química, matemática, biologia, história, curso de inglês, etc. Escuto a palavra vestibular pelo menos 10 vezes por dia, sempre em tom de pressão. Pressão para ser aprovado de primeira vez. Pressão para ser aprovado para um curso concorrido. Pressão para vencer, ser o melhor da turma, do colégio, da cidade, do país!

Um fato curioso é que nós, estudantes do ensino médio brasileiro, somos aqueles que mais estudam Física, entretanto, somos os que menos sabem.

É incrível como o sistema de ensino brasileiro é errado. Como os estudantes terão uma boa educação se os professores são desprezados pelas instituições de ensino? Se as pessoas responsáveis por transmitir o conhecimento ao futuro da nação recebem um mísero salário? Como esses professores podem passar todo o conhecimento adquirido ao longo de anos de estudo aos alunos se precisam trabalhar manhã, tarde e noite para ter uma vida, no mínimo, digna? As raras exceções são os professores de pré-vestibular, que ganham um salário mais condizente com a responsabilidade deles. Isso deve mudar! Devemos formar bons professores, que consigam realmente ensinar os alunos e que sejam remunerados de maneira mais justa em todos os níveis de ensino.

Mas o que mais me impressiona nessa batalha diária é a cabeça fechada daqueles que deveriam abrir a minha. Não entendo como o Brasil, um país grande e imponente, pode se desenvolver até atingir o patamar de país desenvolvido, provendo-se apenas de médicos e advogados. É impressionante como os professores e as instituições de ensino só querem que nós sejamos aprovados em Medicina e Direito.

Não consigo ver um país desenvolver uma boa infra-estrutura sem ter bons engenheiros, sejam eles civis, elétricos, mecânicos ou outros. Talvez seja por isso que a infra-estrutura do nosso país está num estado deplorável.

Não consigo ver um país desenvolver uma consciência política sem investir em ciências sociais. Talvez seja até isso mesmo que os governantes queiram.

Não consigo ver um país desenvolver novas drogas, vacinas, equipamentos e tratamentos para doenças sem investir em biotecnologia, biologia, genética etc. Talvez seja por isso que tantos e tantos estrangeiros venham para a nossa Floresta Amazônica estudar algumas plantas e desenvolverem remédios extremamente úteis no combate a doenças potencialmente mortais, levando, assim, quantias enormes de dinheiro para seu país na forma de royalties.

Os professores devem abrir a nossa mente. Mostrar as várias áreas que nós podemos atuar. O pensamento de que só é bem sucedido quem é médico ou advogado não pode mais existir no nosso país. Nós vivemos, há mais de 500 anos, atrasados. Já passou da hora disso mudar. Já passou da hora do Brasil evoluir, crescer e se desenvolver. E não consigo ver uma forma de mudar esse pensamento retrógrado se não for por aqueles que são os formadores de opinião.

Eu estou cansado de dizer que vou prestar vestibular para Ciências Biológicas e as pessoas olharem com desprezo para mim, dizendo que eu vou ser um fracassado na vida. Eu estou cansado de ouvir os próprios professores, exceto os de Biologia, é óbvio, dizerem para eu pensar um pouco mais, pensar em Medicina. Não! Isso não pode mais. Esse pensamento não pode mais continuar!

Esse país tem que prosperar e para isso são necessários engenheiros agrícolas, matemáticos, físicos, biólogos, químicos entre muitos outros profissionais tão importantes quanto cardiologistas, juizes ou promotores.

Eu estou tentando fazer a minha parte. Tentando mudar aquilo que acho errado e propondo novas alternativas. Talvez esteja na hora de você fazer o mesmo.

Arthur Arcanjo. "